30.9.06

.no mei da rua.

por Simon Fernandes.



.mirén, chicas y chicos, donde avanzamos en la moda.

enviado por: Syomara Duarte.

.a roupa como porta-voz de nossas intenções.

pesquisa: Rafaela Medeiros.
por Vera Fiori.

'Protestar. Chocar. Disfarçar. Evidenciar. Seduzir. Comunicar. Chamar a atenção. Estas são algumas das intenções que carregamos todos os dias com nossas vestimentas. Na verdade, está longe o dia em que o homem cobria o corpo com a função única de protegê-lo das intempéries.
Como lembra a historiadora e pesquisadora de moda Vitalina Alves de Souza, se, na Pré-História bastavam aos homens alguns pedaços de pele para seu bem-estar, já no Renascimento - fase das grandes navegações e efervescência artística - a intenção maior era mostrar luxo e ostentação através das vestes. "Mas foi só a partir do século XIX que as pessoas passaram a seguir modismos e maneirismos para, entre outras coisas, serem aceitas pela sociedade", acentua.
Segundo Jacob Pinheiro Goldberg, psicoterapeuta, desde a escolha da indumentária até até a forma como ela disposta no corpo - justa, solta, sobreposta - existe um objetivo de relacionamento com os outros. "São muitos os fatores levados em conta, como a vontade de demonstrar status e poder, e a intenção de reassaltar ou disfarçar partes do corpo', observa.
A roupa enquanto linguagem pode transmitir várias mensagens. No campo da comunicação visual, depois de Carmem Miranda e Chacrinha, o melhor exemplo é a atriz Elke Maravilha, que afirma a respeito de suas roupas: "Elas são a minha realidade. Em mim, os modelos de butiques soam como erro ortográfico", brinca. Ao desfilar com suas produções irreverentes sua intenção é, literalmente, chamar atenção'.

Jornal Shopping News, 9 jul. 1989. Texto fragmentado.

.de ourela em pé: Coco Chanel andou de circular 1!


por J'opis Azevedo

Linha Circular 1, tarde de fevereiro por volta das dezesseis horas; cruzamento entre as avenidas Barão de Studart e Antônio Sales, na parada do Lacen. Eis quem sobe pela porta de entrada do ônibus: Coco Chanel!
Uma silhueta franzina, de porte mediano-alto, calçando um bicolor com rubro artelho à mostra. Saia plissada longa cobrindo os joelhos, em tons terrosos, blusa em Jersey preta, com mangas 3/4, colar e brincos de pérolas, bolsa de couro preta, tamanho médio, com fivelas e correntes douradas carregada em punho. Maquiagem discreta com resíduos de pó-compacto, exalando uma leve fragrância floral, que evocava os odores de infância, e logo encheu o ambiente do veículo, onde sabemos que odores acres costumam surgir de modo cruel, ferindo as narinas de passantes-passageiros.
Os cabelos curtos , quimicamente modificados, numa coloração entre “Asa de Graúna de Iracema” e “Dondoca-play frequentadora do Eden Club”, deixavam a mostra uma tênue cor branca na raíz de alguns, denunciando a idade, que deveria oscilar entre sessenta e setenta. Não seria educado entregar a idade de “Mademoiselle”. A entrada pela frente do ônibus é permitida para pessoas com mais de 65 anos.
Deslizando elegantemente, apesar dos solavancos do veículo, nossa Chanel, sentou-se naquele assento de fibra ou poli alguma coisa. Não perdeu a pose. De onde me encontrava pude registrar nas “minhas fatigadas retinas” de estudante de estilo, após uma exaustiva aula de Modelagem Plana Feminina, aquela figura ímpar saída dos livros de História da Indumentária, de uma revista antiga, relíquia deixada pela mãe de um amigo e que me fora presenteada. Revival ou vintage legítimos!
Num instante súbito, de repente, não mas que de repente! Uma representante das tribos urbanas contemporâneas vem sentar-se ao lado de nossa Demoiselle. A jovem parecia extasiada, espantada, estágio de encantamento diante de CC. A menina de calças largas, cheias de bolsos e correntes, mini blusa preta silkada com o Piu-piu, “piercing” no umbigo, braceletes com pinos, cabelos com tintura ruivo-fogo e algumas mechas em azul, parecia não compreender aquela imagem não virtual. Estranhamento puro! Encantamento. Epifania Clariceana!!! (cf Clarice Lispector).
Chanel, graciosamente deu o sinal para descer na parada seguinte, próxima ao Hospital do Exército, na avenida Desembargador Moreira. Agradeceu ao “Monsieur Conducteur” e desceu levitando como entrara.
A jovem contemporânea-anime-japonês seguiu-a com um olhar, como alguém que não acreditava no que acabara de ver. Casual? Virtual? Museu em movimento? Muitos links para serem feitos numa cabecinha tão nova.
Desci pensando no mistério do signo-roupa-indumentária, num veículo pop como o “bus-omnibus-buzão”...Puro encantamento-estiloso. Valhei-me São Baudrillard, São Lipovetsky e São Barthes.