8.10.06

.sobre Marcelo Quadros.

por Aline Cacau.

Marcelo Quadros é paulistano, tem 38 anos e possui formação acadêmica em Artes Plásticas e Educação Física. É especializado na área de moda com cursos de Modelagem Industrial e Alfaiataria pelo Senai; Moulage pelo Studio Bercot de Paris e Estilo e Moulage pelo CIT (Centro Industrial Têxtil).
Sua carreira começou em 1990. Marcelo produzia peças de fitness para uma loja de departamento em São Paulo, a Mappin. A escolha por produzir peças para esse segmento foi devido à influência do curso que fazia na época (educação física).
Tempos depois, montou a marca Special K com uma sócia, a também estilista Li Camargo. Na mesma época foi à Paris fazer um curso de moda (no Studio Bercot).. Marcelo declara que começou mesmo sua carreira como stylist e iniciou seu aprendizado como autodidata. Conheceu Paulo Borges, que o convidou para participar do Phytoervas Fashion.
Decorrente a esse fato, Quadros foi chamado para trabalhar na Ellus. Ficou na empresa durante quatro anos como estilista chefe, de 1995 a 1999. Marcelo disse, em palestra que ministrou no Iguatemi Mix – Fortaleza, que “trabalhando foi como fazer uma faculdade” e que “você precisa interpretar a identidade da marca, e não a sua vontade”. Esta última declaração diz respeito às criações que fazia para a Ellus, onde explicou que o estilista que trabalha exclusivamente para uma marca deve interpretá-la e, assim, aliar a identidade da empresa à sua criatividade e seus conhecimentos, gerando um produto que agrade aos empresários e ao próprio estilista.
Ao sair da Ellus, em 1999, participou do Phytoervas Fashion, produzido por Paulo Borges. Nesse evento lançou sua primeira coleção após sua desvinculação da Ellus. A coleção tinha como tema “Sonho”. As roupas eram de luxo e tiveram um resultado comercial pequeno. Marcelo ainda estava um pouco preso à influência do designer da Ellus e isso se refletiu nesta coleção.
Lançou-se no mercado, então, como free-lance e criou a marca homônima. Prestou serviço para outras várias marcas, entre elas Daslu, Le Lis Blanc e Iódice. Marcelo começou a colocar para fora todo o seu conhecimento, explorou a silhueta feminina e trabalhou com tecidos nobres, evidenciando o luxo e a feminilidade. “A moda é um negócio”, diz.
A partir daí, participou de várias edições da Semana de Moda – Casa de Criadores com sua própria marca.
A coleção verão 2000/2001 tinha como tema “Saguão de Hotel”, onde Quadros se inspirou na imagem de mulheres fortes, chiques e decadentes que desfilam por saguões de hotéis de luxo. Com este desfile, Marcelo teve reconhecimento da mídia e do mundo fashion. Um de seus looks dessa coleção foi fotografado para a capa da revista Elle.
A coleção que veio a seguir, inverno 2001, inspirava-se e levava o nome do filme “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock. As roupas eram em couro, quase 100% das peças. Essa coleção lhe rendeu uma matéria na revista Speed.
Sua próxima coleção, verão 2001/2002, tinha como inspiração “Glamour e Bossa”, onde a bossa era feita para as mulheres e remetia à jovialidade. Possuía uma atmosfera bem característica dos anos oitenta e um clima carregado de mulheres sexies (bem explorado no make-up).
Neste mesmo ano, 2002, Marcelo Quadros também participou de alguns eventos no exterior: apresentou-se no Dias de Moda, no Panamá, e no Fashion Week of The Américas, em Miami, EUA.
Sua coleção de inverno 2002 utilizou o tema “Disco”. Segundo a jornalista de moda Érika Palomino, “Marcelo Quadros faz o seu melhor desfile das últimas temporadas. Cheio de energia e definindo de fato seu público-alvo, o estilista faz uma espécie de megamedley das imagens femininas de suas coleções anteriores”. Nesta coleção, Marcelo começa a utilizar bordados em seus looks. Após o desfile declarou: “Esta coleção representa o início de uma série de coisas novas e marca o começo de uma nova fase. É um momento de mudanças. Estou feliz!”.
Uma das características mais marcantes de Marcelo Quadros é a criação de roupas de luxo. Geralmente suas peças primam pela nobreza dos materiais utilizados, tanto os tecidos como os aviamentos (atualmente trabalha com cristais Swarovski, além de vidrilhos e paetês em seus bordados).
Outro fato bem característico do estilista é a sua maior fonte de inspiração: a mulher. Marcelo explora a feminilidade e a sensualidade acima de tudo, aliando esses elementos às suas criações.
Certa vez declarou que “é difícil produzir roupas de luxo; elas ficam em cima do muro, numa linha tênue. Elas possuem uma fácil tendência a serem cafonas, e uma difícil tendência a serem elegantes”. Tem que saber ter equilíbrio, bom senso.
Na coleção de verão 2002/2003 sua inspiração foi a Art Déco da Ocean Drive, em Miami. As peças apresentavam linhas próximas ao corpo, com cortes enviesados e diversos comprimentos.Tinham um ar romântico e uma extrema sensualidade. As cores utilizadas foram o amarelo cítrico, o rosa, o azul céu, o preto e o branco. Algumas peças eram bordadas com pedrarias, vidrilhos e cristais, e paetês. Um de seus looks foi fotografado para a capa da revista Estilo, tendo como modelo a apresentadora Adriane Galisteu.
Esta coleção abriu as portas para Marcelo Quadros. Devido a ela, recebeu o convite para participar do São Paulo Fashion Week seguinte, o de Inverno 2003.
Marcelo explica que “com 10 minutos de exposição na passarela do SPFW, você consegue movimentar seis meses de vendas”. “O SPFW traz três vezes mais reconhecimento do público em geral”.
A coleção que inaugurou sua estréia no SPFW tinha como tema a moda urbana, e como inspiração suas vivências, viagens e conhecimento. Era chamada de "Street Fashion Utility Couture". A coleção trazia muitas informações esportivas e streetwear, mas sem perder o glamour e a sofisticação. Isto acontecia devido aos tecidos nobres que Marcelo utilizou em suas criações. Mais uma vez uma criação Marcelo Quadros vira capa da revista Estilo juntamente com a atriz Priscila Fantin.
A partir de então, começou a fazer trabalho de alta-costura sob medida, trabalhando como designer.
A sua segunda coleção no SPFW, verão 2003/2004, não tem um tema fixo: "Não tenho uma única inspiração. Minha coleção é um mix de informações, imagens e de mulheres que eu admiro". Marcelo se inspira numa mistura de possibilidades que a mulher moderna pode usar depois das 5:00 da tarde. Esta mescla é feita de alta-costura com um universo mais esportivo. Tem momentos em que apresenta bordados riquíssimos (com cristais ou vidrilhos, canutilhos e paetês); em outros faz uma linha mais despojada. Um elemento utilizado para dar o ar esportivo e descontraído da coleção foi o zíper: "Quis desconstruir algumas peças e reconstruí-las de uma maneira diferente. E o meio que usei para isso foi o zíper".
Um destaque da coleção foi a escolha das cores e suas interações, criando uma estampa gráfica que remete às de Pucci. As cores utilizadas foram o roxo, o verde, o verde bandeira, o lilás, o salmão e o areia.
No inverno 2004, Marcelo Quadros lança o desfile “Guerrilheiras de Luxo”. Esta coleção passa a mostrar a desmistificação do luxo, fazendo o uso de peças em meia-malha produzindo um visual “high-low”. Misturou vários estilos (glamour, urbano, fashion, elegância e esportivo) e conseguiu um belo equilíbrio. O militarismo foi sua referência para fazer uma homenagem às mulheres “guerrilheiras – urbanas” de São Paulo. Os elementos utilizados para dar um ar característico em seu desfile foram botas militares, boinas e camisetas de meia-malha (para dar um ar “fresh”).
Neste desfile, Marcelo fez uma parceria com a marca de underwear AnyAny, lançando uma coleção com o seu nome. Algumas dessas peças foram utilizadas no desfile e apareciam discretamente sob as roupas.
Após sua belíssima apresentação na 16ª edição do SPFW, inverno 2004, Marcelo foi escolhido pelos organizadores do Fashion Week of the Américas para receber o prêmio de “The New Star in Fashion 2004”.
A coleção de verão 2004/2005 teve como inspiração o filme “Querelle”, do início dos anos 80. Marcelo deu um tom de glamour sem ostentação, num clima marinheiro-chic. As modelos, chamadas “marinheiras”, mostravam-se como mulheres sexy, fetichistas e abusadas. “A sensualidade é a marca do trabalho” disse Quadros. O marco do desfile foi a sua abertura, onde um modelo entrou “encarnando” Querelle.
Após esse trabalho, Marcelo recebeu um convite para ir expor em Paris, no salão Prêt-à-Porter, junto com Mário Queiroz, Lino Villaventura e André Lima. Com este trabalho, Marcelo teve uma peça sua fotografada para a capa da revista Estilo, onde a apresentadora Luciana Gimenez foi a modelo.
Ainda neste mesmo ano, depois do salão Prêt-à-Porter, Marcelo recebeu convite da marca italiana Pelleteria di Tolentino para fazer a coleção de bolsas verão 2006.
A apresentação da sua coleção de inverno 2005 foi vista no Dragão Fashion Brasil, em Fortaleza. Não participou do SPFW por causa da data, já tinha outros compromissos agendados.
A coleção de inverno 2005 é uma releitura do estilo Dior.
A marca registrada do trabalho de Marcelo Quadros é o mercado de luxo, que é caracterizado pelo requinte, sofisticação e alto valor agregado. Suas peças sempre são elaboradas com tecidos nobres: chifon, zibelina, cetim de seda pura, musselina, crepe georgete, renda, entre outros. Utiliza-se também de bordados manuais, que dão mais valor as peças.

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